no jornal "Matosinhos Hoje"
Em Aveiro, no dia 2 de Agosto de 1929, nasceu
José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos, que o
mundo vira a conhecer por José Afonso, ou, simplesmente,
por Zeca. Zeca Afonso, falecido em 23
de Fevereiro de 1987, deixou-nos um legado de música
e poesia que foi, é e será um manancial de inspiração
para todos os que querem preservar a memória
da música popular portuguesa. Mas o seu
legado ultrapassa largamente o cariz artístico. O seu
exemplo de cidadão, de militante contra as opressões,
contra a supressão da liberdade, o seu desapego
aos bens materiais e a sua dádiva aos mais
desfavorecidos, são alguns dos ensinamentos que
nos doou. Para os que os conheceram pessoalmente,
os que o viram ao vivo nos vários palcos – desde os
melhores, aos mais improvisados – ou para os que
apenas o conhecem pelos seus discos, Zeca não morreu.
Está connosco, especialmente nas horas mais
difíceis, nos momentos mais dolorosos, onde a sua
música, a sua memória são lenitivos e esperança.
“80 anos de Zeca” é uma iniciativa que o Núcleo
do Norte da Associação José Afonso (AJA), lançou
e que já tem a participação de cinquenta instituições,
ligadas às mais variadas actividades artísticas,
do Porto e muitas outras localidades, entre as
quais a Galiza que guarda de Zeca uma memória
bem viva e que tem sabido homenageá-lo e lembrá-
lo em inúmeras iniciativas, entre as quais se
destaca a imposição recente do seu nome a uma
rua de Santiago de Compostela. Santiago onde,
em Maio de 1972, em estreia mundial, cantou
“Grândola Vila Morena”. Este evento, que se prolongará
do dia 2 de Agosto deste ano a 1 de Agosto
do próximo, celebra o 80º aniversário de José
Afonso. O Núcleo do Norte da AJA, em conjunto
com as primeiras instituições que apoiaram a iniciativa,
elaborou um Manifesto que lembra o
homem, o músico, o poeta, o cantor andarilho.
Afirma o Manifesto: “…queremos dançar, fazer teatro,
cantar, dizer palavras, ver, pintar, tomar conta
da rua, dar azo à libertinagem do agora.” Se hoje
Zeca fosse vivo, estaria ao lado dos que sofrem, dos
deserdados da sorte, dos desempregados, dos esfomeados,
dos que não têm com que comprar medicamentos.
Se Zeca fosse vivo, andaria de guitarra
na mão, por todos os recantos deste país, levando,
com as suas palavras e a sua música, uma mensagem
de esperança para atenuar a dor, um grito
de revolta para acabar com as injustiças e as desigualdades
Os leitores que pretendam saber notícias
das actividades que se perspectivam para estes
365 dias de homenagem a Zeca Afonso, podem consultar
o site da AJA (www.aja.pt) ou o blog
www.80anosdezeca.blogspot.pt”, onde também
terão a oportunidade de subscrever o Manifesto.
Sem comentários:
Enviar um comentário