A Associação José Afonso (núcleo do norte) e o “mc” – Mundo da Canção - em nome do projecto “80 ANOS DE ZECA” – saúdam com muita alegria e emoção a vossa presença, aqui, hoje, nesta rua de todas as cores que queremos venha a ser um ponto de encontro das várias gerações irmanadas na vontade colectiva de celebrar o Zeca. Permitam-nos que esta saudação se faça na pessoa de um homem de “grande firmeza”, que está aí entre vós, e que José Afonso cantou na faixa 10 do disco “Com as minhas Tamanquinhas”…ALIPIO DE FREITAS!
A Aja e o “mc” querem registar com muito apreço a colaboração solidária da Associação dos Amigos do Coliseu – já agora nas pessoas do Engenheiro José António Barros, Elísio Nogueira, Luis Barros e Fátima Pinto - ao ceder este espaço e ao contribuir com apoio técnico para que esta iniciativa fosse possível de realizar, nestes moldes, com este átrio a servir de palco e esta escadaria e a rua transformadas numa imensa plateia de liberdade.
Queremos, como será lógico esperar-se, abraçar muito efusivamente os homens e as mulheres que, generosamente e arcando com todas as despesas por si realizadas para aqui estarem, nos irão trazer a sua arte e os seus afectos, a este palco. Permitam-nos que essa saudação seja feita na pessoa de um “velho” companheiro do Zeca, e actual presidente da Associação José Afonso…Francisco Fanhais!
Queremos também agradecer à CMP que sem qualquer custo para a organização, acedeu aos pedidos feitos para o encerramento desta Rua concedendo todos os meios legais para que tal fosse exequível. Ao Manuel Barbosa que solidária e gratuitamente cedeu, montou e está a fazer o som um forte abraço amigo pelo seu trabalho e empenho.
A todos os companheiros que ontem e hoje montaram todo este cenário um reconhecimento muito especial pela beleza que conseguiram dar a este espaço que queremos de ternura, de encanto e de esperança na luta por dias melhores. Fez na passada 3ª feira, 25 de Maio, 27 anos que José Afonso deu o seu último concerto. Esse concerto, organizado pelo “mc” – Mundo da Canção, tendo à cabeça um homem que está ali atrás - Avelino Tavares - foi lá dentro com a sala do Coliseu repleta de gente para ver, ouvir e sentir o Zeca. Neste átrio, no final, muitos de nós percebíamos que, provavelmente, tínhamos assistido a um momento mágico e único que não se iria repetir nunca mais.
O projecto “80 Anos de Zeca” que decorre entre 2 de Agosto de 2009 e 1 de Agosto de 2010 quer, com a iniciativa que aqui vai decorrer hoje, assinalar essa data na certeza de que continua a fazer falta cantar, ler e olhar para o Zeca dos óculos grandes e distraído, mas sempre atento às amarguras da vida que perpassam pelos seres humanos. Pegue-se nalgumas das músicas que nos deixou e aí estão elas, infelizmente, tão actuais: a denúncia da violência de género, a crítica aos senhores do “posso, quero e mando”, a solidariedade com os povos oprimidos e sem pátria, a denúncia da exploração do homem pelo homem, a esperança de que com o permanente desassossego esta vida não tem que ser, sempre, vazia, cinzenta e triste.
Por isso, como o Zeca faria seguramente, queremos daqui saudar todos os homens e mulheres que, a esta hora, desfilam em Lisboa gritando o seu ódio ao vazio, clamando palavras de esperança por um mundo mais inclusivo e solidário no fundo exigindo que a justiça social não seja apenas uma figura de retórica vertida na Constituição da Republica.
Estamos aqui hoje porque como o Zeca, continuamos a pensar que faz falta avisar e agitar a malta, que faz falta a inquietação quotidiana, que é preciso a denúncia de um sistema feio e ameaçante que transforma os homens e as mulheres em números apenas necessários para calcular o PIB , resolver o “deficit” ou impor desumanização. Neste concerto de memórias, fundamentalmente viradas para o futuro queremos trazer até vós a certeza de que o mundo sem muros nem ameias, com gente igual por dentro e gente igual por fora, está aí, em todos os “cantinhos” de cada um de nós, à espera do que faz falta fazer.
Hoje, daqui, como o Zeca… desafiamos-vos: olhem as estrelas e deliciem-se: as grândolas de todos os dias nunca serão um redondo vocábulo enquanto houver força para a alegria da criação. Vamos, por isso… a isso…. porque vai valer a pena!
Sem comentários:
Enviar um comentário